Ninguém sabe a minha dor



Ninguém sabe a minha dor. Não o estamos sós.
Gostaria duma companhia muda, ensilenciada, uma soa presencia, Pessoa. É possível? Uma sombra profunda, para chorar, para entender.

You are really bringing me down
You can really be a bitch

Acho que malgastei a minha vida, a malgasto e a malgastarei. É assim como é que é a Historia. Sempre em movimento, sem poder baixar na seguinte parada a respirar. Um progresso constante no que é difícil arranjar as coisas. Pisamos, pisamos e não olhamos para os galhos no chão, que ficam parados, quase-que ausentes.

Ninguém sabe a minha dor. O corpo sabe.
Gostaria duma lua para me ouvir, duma luz presente, para não me voltar tola. Novamente. Uma lua que ouvisse os meus cantos toda a noite, até a luz do dia, já que as vezes fico distante.

You can really bring me down
You are really being a bitch

Acho que rasguei as suas roupas, que o deixei nu. Mais também abri o meu peito com uma faca e deixei o meu sangue correr, devagar, gota a gota. E agora esse sangue está seco no chão. Uma marca do passado que é difícil de limpar. Olha para você e eu. Estamos chorando. Pisamos, choramos, pisamos e o nosso olhar é diluído em lágrimas.

And the storm keeps blowing the angel away.


Tengo un miedo estúpido a la intensidad



  1. Tengo un miedo
El sueño que se mezcla con el insomnio en una rutina imparable. Es fácil entender, incluso compartir un concepto, pero no lo es tanto interiorizarlo, desde un punto de vista abstracto. Lo que somos se refleja en escena, porque nos ponemos una máscara... pero una máscara hecha por nosotros.
A veces siento que no tengo poder para dominar mi vida, que vivo en un automatismo constante. No soy dueña de mis actos. Es cierto que hay que hablar de las cosas, Sónia, hay que hablarlas, o al menos escribirlas.
Cuando algo no te interesa... ¿qué puedes hacer para solucionarlo?¿Se necesita formación, información, instinto, personalidad?
Sólo quiero ser feliz.


  1. Tengo un miedo estúpido
Falemos do riso. A miña tía díxome unha vez que as veces dalle un riso e non sabe por qué. É porque é transparente, estou segura. Se teño algo que dicirte é que eres especial. Quizais non es especial. Pero fasme sentir dunha maneira especial. Dame igual que ninguén o saiba. Atopei un fío en ti.
Sempre penso que cando alcance algo todo vai sair mellor. Preciso escoitar a formar en que corta as palabras ao falar, cando entrepecha os ollos suavemente.
Anne Bogart di que a expresión é un acto de forza e Lewis Hyde que a acción pode sair dun impulso de agasallar.
Eu quero vivir ao ritmo do que vive ilusionado.
Eu quero ser feliz.


  1. Tengo un miedo estúpido a la intensidad

El poder curativo de la música.
Insoportable esta sensación de ansia.
Un suspiro. Un movimiento y ya estoy en la cima.
Quedarnos vacíos por dentro, en blanco.

Dame ese pulso, dame tu pulso y juntémoslos de las manos. Déjame correr a tu lado, sólo correr.

Quiero salvarme del mundo mediante la ética y la estética de Schopenhauer, mediante el andar de Anne Teresa, mediante la estúpida idea de un hilo rojo que nos une.
Los sueños revelan todo. El cuerpo sabe. ¿Qué es mi cuerpo? Es difícil decir no al amor.
A glance. A staring.
Toutes les temps. En marchent. En chantant.
“Podemos querer a muchas personas. Pero amar es una palabra muy grande” = Bullshit
Estoy pensando sin estar pensando que tú no estás pensando lo que pienso yo.
Amor por compartir.
Dejar hablar a mi cuerpo, no a mi conciencia. Hay cosas que no necesitan ser pensadas.
My body moves. Out of my breath. Time never comes again.
Eres como un sueño volátil que roza mis mejillas.
Las luces que vienen y van como el mar.
Sólo quiero ser feliz.
Nothing's gonna hurt you baby. Sólo es un poco de incertidumbre. Al final lo que importa son las personas a las que queremos.
Sólo quiero ser feliz.





Cal é a besta...?

Se me perguntam cal é a besta que levo dentro não posso pensar, não posso, não
Se me perguntam cal é a besta que levo dentro debuxo um coração
Se me perguntam cal é a besta que levo dentro quero beijar-te
Se me perguntam cal é a besta que levo dentro quero chorar
Se me perguntam cal é a besta que levo dentro fico parada, a espreitar-te
Se me perguntam cal é a besta que levo dentro não quero espreitar
Se me perguntam cal é a besta que levo dentro baixa – me a tenção
Se me perguntam cal é a besta que levo dentro amo-te, declaração.

Notas sobre a experiência e o saber de experiência

Comentário sobre o texto de Jorge Larrosa Bondía, Notas sobre a experiência e o saber da experiência

1. Palavras

Larrosa começa o texto falando de palavras. Emprega binómios como teoria /pratica, experiencia/ sentido ou informação/opinião. Acho muito interessante a importância que ele dá ao peso da palavra. Até há pouco, eu estava totalmente contra a palavra: contra o teatro textual, contra expressar tudo com palavras, de que tudo estivesse submetido às palavras. Tive que aceitar que isto é assim, que o nosso pensamento funciona com palavras e que inclusive o que não se diz está feito de palavras. Relacionava o poético e a conexão entre as pessoas com algo mais além da palavra, mais não é isso, senão mais bem, é a forma de expressar essa palavra o que lhe dá um sentimento ou um peso e não outro.

As palavras dão sentido à nossa vida:
“E pensar não é somente “raciocinar” ou “calcular” ou “argumentar” (...) mas é sobretudo dar sentido ao que somos e ao que nos acontece” (pax. 21, linha 9).
É muito importante o tema do sentido da vida, porque é o que nos faz viver, o que nos empurra a acionar, a fazer. A vida não tem um sentido por si, por isso cada um deve achá-lo, e isso se faz a partir das palavras.

Lembrei-me com o uso dos binómios na teoria de Derrida, do facto de que funcionamos por contrários, pensamos opondo cousas e que todo esse opor é fictício, já que a linguagem é totalmente fictícia. Isto coloca-me numa situação de confusão: se é algo fabricado por nós, como é possível que seja tão imprescindível?


2. Experiência

a) Etimologia
“O que nos acontece (...) e o que nos passa (...) não o que se passa”
“SE DIRIA QUE TODO LO QUE NOS PASA ESTA ORGANIZADO PARA QUE NADA NOS PASE” Esta foi sem dúvida a frase que mais me fez refletir de todo o texto. É bastante frustrante, o mundo moderno está feito de tal forma que já não podemos gozar das coisas da mesma maneira, já não nos impregnam. É por isso, em parte, que decidi estudar arte. Para parar, para sentir, porque quando vamos ao teatro ou a um museu, de algum jeito abstrais-te do “mundo da rapidez” que há aí fora. Porque o teatro se trata do presente, do aqui e do agora, não do passado nem do futuro. Um lugar aberto a experiência.
Isto abre um debate dentro de mim, uma frustração de querer fazer algo e não ser capaz. -Quero respirar as coisas, quero que me transformem, mas sempre é difícil... a tal ponto que às vezes faço coisas que gosto por obrigação, porque deveria. E o mundo do sujeito produtivo é um combate difícil. Faço referência agora a citação que começa o texto, de Kafka “No combate entre você e o mundo, prefira o mundo". Se queremos ou não, temos que nos adaptar ao mundo de algum jeito, para sobreviver.
O mundo parece nos guiar, que há uma forca superior que nos dita, e a força da civilização moderna: o excesso de informação, de opinião, de trabalho e a falta de tempo. Os elementos dos que fala o autor.


b) Educação
Essa obsessão pela informação e pelo saber é imposta no individuo desde criança. Estes excessos conseguem que nada nos aconteça. Acho muito interessante a diferença que fez entre “informação”, conhecimento ou “aprendizagem” e “experiência”.
Todos esses excessos impedem a experiência, que como já disse é o que realmente nos da vida. Senão somos robôs, somos máquinas de memorizar, aprender e trabalhar.
Traduz o jornalismo como a “aliança perversa entre informação e opinião”.
Relaciona a falta de tempo com a escola e com a vida em geral, sempre temos coisas que fazer na sociedade atual e somos, dalgum jeito, pressionados estar continuamente excitados. Sempre queremos mais, mais e mais. É o século da velocidade. O tempo empregado como uma mercadoria me preocupa. Igualmente fala da conversão de experiência em créditos na universidade, confundindo trabalho com experiência. “Por não podermos parar, nada nos acontece”.


c) O sujeito da experiência.
 Características:
              - Passividade ativa
              - Exposição, recetividade
              - Paixão
Como não vai ser um artista um sujeito da experiência? Por suposto que é necessário, porque significa expormos, como diz o autor, “com todo o que isso tem de vulnerabilidade e de risco”. Que é o teatro se não risco? Que é uma improvisação senão abrir-se e receber? Uma passividade ativa. Estar, existir, estar presente. Que é um ator sem presença?
Introduz a Heidegger explicando que para ele é um sujeito derrubado pela experiência, a experiência apodera-se de si, não tem poder sobre a sua vontade. Algo assim como a ideia de inspiração que provem dos inícios do teatro, na cultura greco-latina. Um artista era aquele eleito pelos deuses, um facto não controlável por nós, senão pelo além. A experiência é, por tanto, algo além de viver um fato. Penso que é o que nos da humanidade, o que nos afasta de parecermos cada vez mais máquinas programadas, o que nos afasta da contemporaneidade fria e distante. Diz que um sujeito incapaz de experiência, seria um sujeito firme, forte, impávido (...) apático. Um artista não é isso, um artista é alguém empático e sensível. Um artista não é só um ser racional e calculador, é alguém que precisa mostrar a sua experiência, não o seu saber.
Relaciona-se também, como diz Bondia, com a paixão, com alheio e a alienação.

d) Qualidade existencial
“Ninguém pode aprender da experiência de outro”. É por isso que cada artista tem algo de pessoal, de interessante, por isso é interessante que o artista mostre a sua forma de ver o mundo, porque é a única pessoa que pode fazê-lo desse jeito, apesar de ser milhares de pessoas na face da Terra. Isso é o mais bonito da arte e do teatro, a individualidade compartida.
Diz que desde que o conhecimento não é um pathei mathos está desligado da vida; não é um saber que nos alimente. E é que a arte esta aí para alimentar as nossas almas, para fazermos sentir algo, não para informarmos... não tem que ser verdade, tem que ser real e tem que estar vivo.

“Se o experimento é repetível, a experiência é irrepetível (...) e uma abertura para o desconhecido”. 

A arte tem esse algo de misterioso e irrepetível.

Unha sala de ensaio



Un fuego en invierno. I love tea. O calor do corpo que baixa pola garganta que chega até o coração. Love me one more time. O camiñar devagar que individualiza a cada pessoa.
Quem sou eu? Sou o calor do coffee, o calor do tea, o calor do meu corpo en movimento.
Sou a minha pessoa en branco e negro, elegante, sen manchas, perfeita. Sou o meu nome en puro que se vai diluindo numa auga chea de cor. Sou esa luz que está dentro desexando sair, sempre latente, tudo o tempo. A cor intanxible que evoca esa imaxe en branco e negro dos anos 20 ou dos anos 30.
Cres que as pessoas somos como as teclas do piano? Brancas com toques negros. Ou negras com toques brancos. Eu creo que (é mentira) que somos todas as cores e nos reducen a dúas, como uma receita de cocinha: um pouquinho de sal, um pouqinho de amarelo, lila, vermelho, tomate e pimenta. Pásase pola licuadora e se pon en moldes: todos iguais, todos perfeitos, en branco e negro, mais cum pasado de luz e de cor.
Dame a túa mão e bailemos ao son deste piano que é a vida. Destrozemos esas teclas, esa orde, esa contraposición.


E.le.men.tos de Bruna Carvalho


Palavras-chave: natureza, pensamento, frustração e calma.

Descrição:
  1. Entrada: o público permanece a escuras e a performer entra por uma rua de luz cálida. No seu movimento, emprega muita tensão muscular e um tempo descontínuo, com intervalos. A expressão facial poderia se dizer que é de pânico ou alienação. Viste de preto com saltos e o pelo amanhado numa trança. Dirige-se lentamente cara ao linoleo, que já não está iluminado pela rua luminosa, mais por outra luz geral.
  2. Continua os movimentos, recreando um ambiente de frustração.
  3. Chega até uma cadeira que tem uma pata mais longa que o resto, de cor cinza. Senta e segue os seus movimentos jogando com imagens do imaginário popular, como o pensador, mais não é quem de ficar na posição. Faz uma pausa e o ruído passa a ser ruído branco.
  4. Baixa da cadeira, vai-se descalçando e chega um momento de relaxamento. Escutasse o mar e a performer mexesse suavemente, com a parte superior do corpo totalmente relaxada e cara adiante.
  5. Volta á tenção e marcha da sala do mesmo jeito que entrou, mais cunha mudança: descalça.

Comentário:
Esta peça fixo-me reflexionar muito sobre o valor das palavras, o sentido e sem sentido destas e sobre como organizam o nosso mundo. Depois de ler o panfleto desta peça, fiquei confusa. Há um tempo eu gostava de ser como a Bruna, “Gostava de não usar palavras. Nem pensamentos.” Simplesmente ser, estar, permanecer. Coma uma árvore. Como a própria natureza. Mais é complicado porque estamos feitos por palavras e pensamentos e ademais somos seres sociais. Esta peça transmitiu-me frustração, uma frustração talvez comunicativa. Uma incapacidade de. De ser ela mesma, de escapar de ela mesma, de chegar a ela mesma. “Ser elemento em liberdade”. Para mim, trata muito do pensamento, dessa vontade de fugir dele. Essa tenção que nos produz a maior parte das vezes e dessa calma que dura tão pouco lá dentro, nas nossas cabeças.
Foi uma peça bastante monótona, no sentido em que não existem grandes mudanças ao longo da atuação; mais intensa, clara. A qualidade de movimento está muito trabalhada, a presença. E a pesar disso também é percibida uma transformação desde o momento em que tira as botas.
O espaço sonoro foi muito interessante. Transita por momentos mais orientais e naturais, como a gota de água ou o som do mar, ata outros mais molestos, como o violino ou o ruído branco. Os sons marcam cada momento performático, o definem. Em canto a indumentaria, vai de preto e pintada com sombras brancas que junto coa gesticulação da cara lembra a dança Butoh.
Cada espetáculo é único e diferente, pois há moitas variáveis, que sempre se adicionam ao que está a acontecer. Isto passou com olor ao sabão lagarto que inundava a sala, fixo-me voltar á minha infância, como o cupcake de Proust, e sentir-me como na casa, cómoda e confortável a pesar do panorama. Achei também que o feito de ter ao lado a um homem com móvel que não parava de se iluminar pela chegada dos whatsapps incrementou todos os pensamentos polos que estava a passar: o mundo de hoje em dia, um mundo de estresse, velocidade e tenção, como estava a mostrar a Bruna Carvalho. Pois me deu muito no que pensar, a pesares de intentar simplesmente estar, coma ela pretende.

Slam poetry Lisboa


Trivial. Trivial? Tribal.
Escuridade e sensações.

A cartografia da cidade na pele.
Lunar a lunar. Manchando. Emborronando.
Floreando.
Cartografías x2. Ou x3.

Globalização. Essa palavra amarga que se nos escorre entre os dedos.
Uma aperta.Um roce. Uma emoção.

“Poetry is needed.
O norte do mar é a lúa”
Obrigado por abrir a mente e o vosso coração. Las cosas siguen pasando y el invierno es siempre largo.

Sujeito da experiencia x2. Ou x3.
“sou loco” Tenho medo de acostumarme ao frio.

Vazio.

Obrigado por abrir a mente e o vosso
coração.
Binomios. Linguaxe e Derrida.
Fortaleça, fragilidade, vitalidade, sexualidade, int...
Descentralização. Nao há conflito.
Nada existe.
Linguaxe e arte.
Movimento e quietude.
A vida é movemento e é transformação.
A condição humana é sempre variável.
Livre. Abstracta. Sem limites.

Eu acho que a orde é uma construcção humana obsesiva. Nada é finito. Nada é totalmente lóxico.

Aspiração ao open-minded. A um mundo sem clausuras. Inconstancia. Interpretar para destapar os próprios mecanismos da interpretação.

Palavras
Construcção  X2 X3
e relação

Utopía
Imposibilidade
e frustação

Nada
existe
e tudo não existe

Banalidade
humana
e necesidade de crer
… crear.

Utopía
Ciclotimia
e contradicción.

O sol acariciando a minha pele seca
que flota no ar
com um son francés e avícola
com um tacto artificial
num mundo construído
um mundo sem parar
uraganático.